terça-feira, 21 de junho de 2011

Flor de obsessão- Nelson Rodrigues


  De vez em quando,alguém me chama de "flor de obsessão". Não protesto, e explico: - não faço nenhum mistério dos meus defeitos. Eu os tenho e os prezo ( estou usando os pronomes como Otto Lara Resende na sua fase lisboeta). Sou um obsessivo. E, aliás, que seria de mim, que seria de nós, se não fossem três ou quatro idéias fixas? Repito: - não há santo, herói, gênio ou pulha sem idéias fixas.
  Só os imbecis não as tem. Não sei porque estou dizendo isso. Ah, já sei. É o seguinte: - recebo a carta de uma leitora. Leio e releio e sinto a irritação feminina. E justamente, a leitora me atribui a idéia fixa do "umbigo". Em seguida, acrescenta: - "Isso é mórbido ou o senhor não desconfia que isso é mórbido?. Corretíssima a observação. Realmente, jamais neguei a cota de morbidez que Deus me deu.
  A minha morbidez. Ela me persegue e, repito, ela me atropela desde os três anos de idade. Eu ainda usava camisinha de pagão acima do umbigo. E, um dia, na rua Alegre, apareceram quatro cegos e um guia. Juntaram-se na esquina, na calçada da farmácia, e tocaram violino. Três anos. Quando os cegos partiram, caí de cama. Debaixo dos lençóis, tiritava de tristeza, como de malária. A partir de então, sou um fascinado pelos cegos.
  Ainda na infância, eu fechava os olhos e, dentro de minhas próprias trevas, me imaginava cego. Claro que tudo isso é morbidez. Eis o que eu queria dizer à minha leitora: - infelizmente, não tenho nem a saúde física, nem a saúde mental de uma vaca premiada. Na sua irritação, ela continua: "Bem se vê que o senhor é um velho". E, de fato sou tão velho quanto o Antonio Houaiis.
  Por coincidência, almocei, ontem, com o já referido Antonio Houaiis, o Francisco Pedro do Couto e o José Lino Grünewald. ( Vejam como Grünewald é um nome naval, sim o nome de um primeiro tenente morto no afundamento do Bismarck). Durante o almoço o Antônio Houaiis batia na tecla fatal: - "A minha geração é a do Nelson". E dizia ao José Lino e ao Couto: - "Vocês que são brotos". E, pouco a pouco, eu e o próprio Houaiss íamos ficando lívidos de idade, amarelos de velhice, espectrais como a primeira batalha de Marne ou como o fuzilamento de Mata Hari.
  Depois do almoço volto para a redação e vejo a carta da leitora. Lá está a mesma a crudelíssima acusação de velhice. Cabe então a pergunta: - e por que me chama de velho? Resposta - porque ainda me impressionam os umbigos do biquíni, do sarongue, dos bailes.E, sem querer, a leitora toca num dos mistérios mais patéticos da nossa época. Os jovens não estão interessados na nudez feminina. Essa rapaziada dourada de sol, esses latagões plásticos, elásticos, solidamente belos como havaianos não desejam como as gerações anteriores. Só os velhos que ainda se voltam, na rua, ou na praia, para ver as belas formas. Quem o diz é a leitora.
  Mas o melhor está do meio para o fim. De repente percebo a origem da carta e da irritação. A leitora defendia alguém. Eis o caso: - no baile do Municipal, irrompeu um umbigo especialíssimo. Uma líndissima senhora e, se não me engano, embaixatriz, foi fotografada, televisada de sarongue. Mas tarde, os jornais e as revistas falavam do umbigo diplomático. A imprensa rendia sua homenagem à beleza. Mas a leitora via, nas fotografias e legendas, uma inconfidência visual, quase um ultraje. Parece-lhe que não estamos longe do jornalismo de escândalo ou, para usar a cor exata, marrom.
  Vejam vocês como os papéis se invertem. Já a televisão foi chamada de obscena, porque pôs no vídeo a nudez coletiva, geral, ululante. Eis o que me pergunto: - queriam o quê? Que as câmeras e os microfones vestissem os nus, calafetassem os umbigos, enfiassem espartilhos nos quadris?Ao mesmo tempo o Jornal do Brasil deitou um judicioso editorial afirmando que, depois da praia, a nudez perdera todo o mistério e todo o suspense. Era assim no Brasil e em todo mundo. Portanto segundo o velho órgão não há nada que objetar ao impudor eugênico, salubérrimo e "pra frente" da praia. E todavia, o mesmo Jornal do Brasil e no mesmo editorial condena a televisão que devia ter tapado os quadris, umbigos, etc.,etc.
  Do mesmo modo, o caso da leitora e da embaixatriz. Que uma bela senhora ponha um sarongue assim e vá ao baile é um fato intranscendente, normalíssimo. Mas se um cronista deixa escapar uma referência ao umbigo do Itamaraty, vem o mundo abaixo. E por que meu Deus do céu?. Imoral é a televisão e não os nus frenéticos que vinham posar para câmeras. Antigamente, havia, em torno de um beijo, todo um sigilo, toda uma solidão. Lembro-me de uns namorados, na minha infância, que iam para debaixo da escada. E, nos bailes recentes, os casais caçavam as câmeras e iam beijar para milhões de telespectadores.
  Seja como for, algo restou do último Carnaval. Refiro-me aos nus arrependidos. Na própria quarta feira de Cinzas, cruzei ao chegar em casa com uma menina da vizinhança.Fora, nos quatro dias, um dos umbigos mais insistentes da televisão. Em qualquer canal lá estava ele. E, no entanto, enterrado o Carnaval eu via a menina passar, rente à parede, de cabeça baixa , na sua vergonha tardia e crispada.
  A minha leitora, que assume a irada defesa da embaixatriz, também é outro nu arrependido. Diz, a folhas tantas: - "Eu também brinquei no Carnaval". E levando mais longe a sinceridade, confessa: - " Vesti o meu sarongue e não me arrependo". Mentira. Está arrependida, e insisto - é um dos nus arrependidos da cidade.
  É linda, embora inútil, essa vergonha póstuma. Também as famílias estão horrorizadas com o nudismo carnavalesco. Fui a um jantar e lá as senhoras diziam: - "Não eram meninas de família. Eram aventureiras." Perdão: vamos dizer a casta e singela verdade: - os nus saíam dos lares. Já escrevi isto e repito, porque é meio vil trapacear com o nosso próprio impudor. Se a cidade se despiu, deve ter o nobilíssimo cinismo de o proclamar.
  Mas vamos crer que não houve nus em lugar nenhum. Não adianta. Para nós não há saída. Porque ter pudor no Carnaval e não na praia? Aí está o biquíni que é a forma mais desesperada da nudez. Como é triste o nu que ninguém pediu, que ninguém quer ver, que não espanta ninguém. O biquíni vai comprar grapete e o crioulo da carrocinha tem o maior tédio visual pela plástica nada misteriosa. E aí começa a expiação da nudez sem amor: - a inconsolável solidão da mulher.



Crônica do Livro - A Cem Melhores Crônicas Brasileiras - Seleção Joaquim Ferreira dos Santos. Esta está na seleção: Os anos 1950 - A década de ouro de uma geração de craques.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

UTOPíA DE UN HOMBRE QUE ESTÁ CANSADO - Jorge Luis Borges

Llamóla Utopía, voz griega cuyo significado es no hay tal lugar- QUEVEDO


No hay dos cerros iguales, pero en cualquier lugar de la tierra la llanura es una y la misma. Yo iba por um camino de la llanura. Me pregunté sin mucha curiosidad si estaba en  Oklahoma o en Texas o en la región que los literatos llaman la pampa. Ni a derecha ni a izquierda vi um alambrado. Como otras veces repetí despacio estas líneas, de Emilio Oribe:
         En medio de la pánica llanura interminable
         Y cerca del Brasil
que van creciendo e agrandándose.
  El camino era desparejo. Empezó a caer la lluvia. A unos doscientos o trescientos metros vi la luz de una casa. Era baja e rectangular y cercada de árboles. Me abrió la porta un hombre tan alto que casi me dio medo.Estaba vestido de gris. Sentí que esperaba a alguien. No había cerradura en la puerta.
  Entramos en la larga habitación com las paredes de madera. Pendía del cielo raso una lámpara de luz amarillenta. La mesa, por alguna razón, me extranó. En la mesa había una clepsidra, la primera que he visto, fuera de algún grabado en acero. El hombre me indicó una de las sillas.
  Ensayé diversos idiomas y no nos entendimos. Cuando él habló lo hizo en latín. Junté mis ya lejanas memorias de bachiller y me preparé para el diálogo.
  - Por la ropa - me dijo- , veo que llegas de otro siglo. La diversidad de las lenguas favorecía la diversidad de los pueblos y aun da las guerras; la tierra ha regresado al latín. Hay quienes temen que vuelva a degenerar en francés, en lemosín o en papiamento, pero el riesgo nos es inmediato. Por lo demás, ni lo que ha sido ni lo, que será me interesan.
  No dije nada y agregó:
  - Si no te desagrada ver comer a otro quieres acompañarme?
  Comprendí que advertía mi zozobra y dije que sí.
  Atravesamos un corredor com puertas laterales, que daba a una pequeña cocina en la que todo era de metal. Volvimos con la cena en una bandeja: boles com copos de maíz, un racimo de uvas, una fruta desconocida cuyo sabor me recordó el del higo, y una gran jarra de agua. Creo que no había pan. Los rasgos de mi huésped eran agudos y tenía algo singular en los ojos. No olvidaré ese rostro severo y pálido que no volveré a ver. No gesticulaba al hablar.
  Me trababa la oblicación del latín, pero finalmente le dije:
  - No te asombra mi súbita aparición?
  -No - me replicó -, tales visitas nos ocurren de siglo en siglo. No duran mucho; a más tardar estarás mañana en tu casa.
  La certidumbre de su voz me bastó. Jusgué prudente presentarme:
  - Soy Eudoro Acevedo. Nací en 1897, en la ciudad de Buenos Aires. He cumplido ya setenta años. Soy profesor de letras inglesas e americanas y escritor de cuentos fantásticos.
  - Recuerdo haber leído sin desagrado - me contestó - dos cuentos fantásticos. Los Viajes del Capitán Lemuel Gulliver, que muchos consideran verídicos, y la Suma Teológica. Pero no hablemos de hechos. Ya a nadie le importan los hechos. Son meros puntos de partida para la invención y el razonamiento. En las escuelas nos enseñan la duda y el arte del olvido. Ante todo el olvido de lo personal y local. Vivimos en el tiempo, que es sucesivo, pero tratamos de vivir sub specie aeternitatis. Del pasado nos quedan algunos nombres, que el lenguaje tiende a olvidar. Eludimos las inútiles precisiones. No hay cronología ni historia. No hay tampoco estadísticas.Me has dicho que te llamas Eudoro; yo no puedo decirte cómo me llamo, porque me dicen alguien.
  - Y cómo se llamaba tu padre?
  - No se llamaba.
  En una de las paredes vi un anaquel. Abrí un volumen al azar, las letras eran claras e indescifrables y trazadas a mano. Sus líneas angulares, me recordaron el alfabeto rúnico, que, sin embargo, sólo se empleó para la escritura epigráfica. Pensé que los hombres del porvenir no sólo eran más altos sino más diestros. Instintivamente miré los largos y finos dedos del hombre.
  Éste me dijo:
  - Ahora vas a ver algo que nunca has visto.
  Me tendió con cuidado un ejemplar de la Utopía de More, impreso em Basilea en el año 1518 y en el que faltaban hojas y láminas.
  No sin fatuidad repliqué:
  -Es un libro impreso. En casa habrá más de dos mil, aunque no tan antiguos ni tan preciosos.
  Leí en voz alta el título.
  El otro se rió.
   - Nadie puede leer dos mil libros. En los cuatro siglos que vivo no habré pasado de una media docena. Además no importa leer sino releer. La imprenta, ahora abolida, ha sido uno de los peores males del hombre, ya que tendió a multiplicar hasta el vértigo textos innecesarios.
  - En mi curioso ayer - contesté -, prevalecía la superstición de que entre cada tarde y cada mañana ocurren hechos que es una vergüenza ignorar. El planeta estaba poblado de espectros colectivos, el Canadá, el Brasil, el Congo Suizo y el Mercado Común. Casi nadie sabía la historia previa de esos entes platónicos, pero sí los más ínfimos pormenores del último congreso de pedagogos, la inminente ruptura de relaciones y los mensajes que los presidentes mandaban, elaborados por el secretario con la prudente imprecisión que era propia del género.
  Todo esto se leía para el olvido, porque a las pocas horas lo borrarían otras trivialidades. De todas las funciones, la del político era sin duda la más pública. Un embajador o un ministro era una suerte de lisiado que era preciso trasladar en largos y ruidosos vehículos, cercado de ciclistas y granaderos e aguardado por ansiosos fotógrafos. Parece que les hubieran cortado los pies, solía decir mi madre. Las imágenes y la letra impresa eram más reales que las cosas. Sólo lo publicado era verdadero. Esse est percipi (ser es ser retratado) era el principio, el medio y el fin de nuestro singular concepto del mundo. En el ayer que me tocó, la gente era ingenua; creía que una mercadería era buena porque así lo afirmaba e lo repetía su proprio fabricante. También eran frecuentes los robos, aunque nadie ignoraba que la posesión de dinero no da mayor felicidad ni mayor quietud.
  - Dinero? - repitió -. Ya no hay quien adolezca de probreza, que habrá sido insufrible, ni de riqueza, que habrá sido la forma más incómoda de la vulgaridad. Cada cual ejerce su oficio.
  - Como los rabinos - le dije.
  Pareció no entender y prosiguió.
  -Tampoco hay ciudades. A juzgar por las ruinas da Bahía Blanca, que tuve la curiosidad de explorar, no se ha perdido mucho. Ya que no hay posesiones, no hay herencias. Cuando el hombre madura a los cien años, está listo a enfrentarse consigo mismo y con su soledad. Ya ha engendrado un hijo.
  - Un hijo? - pregunté.
  - Sí. Uno solo. No conviene fomentar el género humano. Hay quienes piensan que es un órgano de la divinidad para tener conciencia del universo, pero nadie sabe com certidumbre si hay tal divinidad. Creo que ahora se discujten las ventajas y desventajas de un suicidio gradual o simultáneo de todos los hombres del mundo. Pero vulvamos a lo nuestro.
  Asentí.
  - Cumplidos los cien años, el individuo puede prescindir del amor y de la amistad. Los males y la muerte involuntaria no lo amenazan. Ejerce alguna de las artes, la filosofía, las matemáticas o juega a un ajedrez solitario. Cuando quiere se mata. Dueño el hombre de su vida, lo es también de su muerte.
  - Se trata de una cita? - le pregunté.
  - Seguramente. Ya no nos quedan más citas. La lengua es un sistema de citas.
  - Y la grande aventura de mi tiempo, los viajes espaciales? - le dije.
  - Hace ya siglos que hemos renunciado a esas traslaciones, que fueron ciertamente admirables. Nunca pudimos evadirnos de una aguí y de un ahora.
  Con una sonrisa agregó:
  - Además, todo viaje es espacial. Ir de un planeta a otro, es como ir a la granja de enfrente. Cuando usted entró en este cuarto estaba ejecutando un viaje espacial.
  - Así es - repliqué - . También se hablaba de sustancias químicas y de animales zoológicos.
  El hombre ahora me daba la espalda y miraba por los cristales. Afuera la llanura estaba blanca de silenciosa nieve y de luna.
  Me atreví a preguntar:
  - Todavía hay museos y bibliotecas?
  -No. Queremos olvidar el ayer, salvo para la composición de elegías. No hay conmemoraciones ni centenarios ni efigies de hombres muertos. Cada cual debe producir por su cuenta las ciencias y las artes que necesita.
  - En tal caso, cada cual debe ser su propio Bernard Shaw, su proprio Jesucristo y su proprio Arquímedes.
  Asintió sin un palabra. Inquirí:
  -Qué sucedió con los gobiernos?
  -Según la tradición fueron cayendo gradualmente en desuso. Llamaban a elecciones, declaraban guerras, imponían tarifas, confiscaban fortunas, ordenaban arrestos e pretendían imponer la censura y nadie en el planeta los acataba. La prensa dejó de publicar sus colaboraciones y sus efigies. Los políticos tuvieron que buscar oficios honestos;algunos fueron buenos cómicos o buenos curanderos. La realidad sin duda habrá sido más compleja que este resumen.
  Cambió de tono y dijo:
  - He construido esta casa, que es igual a todas las otras. He labrado estos muebles y estos enseres. He trabajado el campo, que otros, cuya cara no he visto, trabajarán mejor que yo. Puedo mostrarte algunas cosas.
  Lo seguí a una pieza contigua. Encendió una lámpara, que también pendía del cielo raso. En un rincón vi un arpa de pocas cuerdas. En las paredes había telas rectangulares en las que predominaban los tonos del color amarillo. No parecían proceder de la misma mano.
  - Ésta es mi obra - declaró
  Examiné las telas y me detuve ante la más pequeña, que figuraba o sugería una puesta de sol y que encerraba algo infinito.
  - Si te gusta puedes llevártela, como recuerdo de un amigo futuro - dijo con palabra tranquila.
  Le agradecí, pero otras telas me inquetaron. No diré que estaban en blanco, pero sí casi en blanco.
  -Están pintadas com colores que tus antiguos ojos no pueden ver.
  Las delicadas manos tañeron las cuerdas del arpa y apenas percibí uno que otro sonido.
  Fue entonces cuando se oyeron los golpes.
  Una alta mujer y tres o cuatro hombres entraron en la casa. Diríase que eran hermanos o que los había igualado el tiempo. Mi huésped habló primero con la mujer.
  - Sabía que esta noche no faltarías. Lo has visto a Nils?
  - De tarde em tarde. Sigue siempre entregado a la pintura.
  - Esperemos que con mejor fortuna que su padre.
  Manuscritos, cuadros, muebles, enseres; no dejamos nada en la casa.
  La mujer trabajó a la par de los hombres. Me avergoncé de mi flaqueza que casi no me permitía ayudarlos.       Nadie cerró la puerta e salimos, cargados con las cosas. Noté que el techo era a dos aguas.
  A los quince minutos de caminar, doblamos por la izquierda. En el fondo divisé una suerte de torre, coronada por una cúpula.
  - Es el crematorio - dijo alguien - . Adentro está la cámara letal. Dicen que la inventó un filántropo cuyo nombre, creo, era Adolf Hitler.
  El cuidador, cuya estatura no me asombró, nos abrió la verja.
  Mi huésped susurró unas palabras. Antes de entrar en el recinto se despidió con um ademán.
  - La nieve seguirá - anunció la mujer.
  En mi escritorio de la calle México guardo la tela que alguien pintará, dentro de miles de años, con materiales hoy dispersos en el planeta.


Do Livro "El Libro de Arena" do original em Espanhol, Biblioteca Jorge Luis Borges- Emecé Editores.Procurei passar para o blog exatamente como está no livro original, só o que não foi colocado, foram os pontos de interrogação invertidos, "cuando uno le pregunta al otro".