sábado, 27 de agosto de 2011

O CONSOLADOR - Sentimento- ARTE- Emmanuel- Fco Cândido Xavier

   SENTIMENTO
   ARTE

Que é a arte?

- A arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação desse "mais além" que polariza as esperanças da alma.
   O artista verdadeiro é sempre o "médium" das belezas eternas e o seu trabalho, em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano, alçando-o da Terra para o Infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia dos corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de paz e de amor.
Todo artista pode ser também um missionário de Deus?
- Os artistas, como os chamados sábios do mundo, podem enveredar, igualmente pelas cristalizações do convencionalismo terrestre, quando nos seus corações não palpite a alma dos ideais divinos, mas na maioria das vezes, têm sido grandes missionários das idéias, sob o égide do Senhor, em todos os departamentos da atividade que lhes é própria, como a literatura, a música, a pintura, a plástica.
Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e perecíveis, para considerar tão somente a luz espiritual que vem do coração uníssono com o cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais devotados missionários de Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz da meditação e do silêncio, alcançando o mais alto sentido da evolução de si mesmo e de seus irmãos em humanidade.
Pode alguém fazer-se artista tão só pela educação especializada em uma existência?
- A perfeição técnica, individual de um artista, bem como as suas mais notáveis características, não constituem a resultante das atividades de uma vida, mas de experiências seculares na Terra e na esfera espiritual, porquanto o gênio, em qualquer sentido, nas manifestações artísticas mais diversas, é a síntese profunda de vidas numerosas, em que a perseverança e o esforço se casaram para as mais brilhantes florações da espontaneidade.


Uma visão espírita da Arte- O Consolador, obra mediúnica, ditada pelo espírito Emmanuel- Reunião de 31 março de 1939-do Grupo Espírita Luís Gonzaga de Pedro Leopoldo, um amigo espiritual lembrou aos seus componentes , por meio de perguntas à entidade de Emmanuel.- Federação Espírita Brasileira- Depto Editorial

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O NASCIMENTO DA CRÔNICA- Machado de Assis- Crônicas Escolhidas

      Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue; está começada a crônica.
     Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé,houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem.
     Quanto a fatal curiosidade de Eva fez -lhes perder o paraíso, cessou, com essa degradação, a vantagem de uma temperatura igual e agradável. Nasceu o calor e o inverno; vieram as neves, os tufões, as secas, todo o cortejo de males, distribuídos pelos doze meses do ano.
     Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas. Essa vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Uma dizia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopada do que as ervas que comera. Passar das ervas, às plantações do morador fronteiro, e loga às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica.
     Que eu, sabedor ou conjeturador de tão alta prosápia, queira repetir o meio de que lançaram mãos as duas avós do cronista, é realmente cometer uma trivialidade; e contudo, leitor, seria difícil falar desta quinzena sem dar à canícula o lugar de honra que lhe compete. Seria; mas eu dispensarei esse meio quase tão velho como o mundo, para somente dizer que a verdade mais incontestável que achei debaixo do sol, é que ninguém se deve queixar, porque cada pessoa é sempre mais feliz do que outra.
     Não afirmo sem prova.
     Fui há dias a um cemitério, a um enterro, logo de manhã, num dia ardente como todos os diabos e suas respectivas habitações. Em volta de mim ouvia o estribilho geral: - Que calor! Que Sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!
     Íamos em carros! Apeamo-nos à porta do cemitério e caminhamos um longo pedaço. O sol das onze horas batia de chapa em todos nós; mas sem tirarmos os chapéus, abríamos os de sol e seguíamos a suar até o lugar onde devia verificar-se o enterramento. Naquele lugar esbarramos com seis ou oito homens ocupados em abrir covas: estavam de cabeça descoberta, a erguer e fazer cair a enxada. Nós enterramos o morto, voltamos nos carros,e daí às nossas casas ou repartições. E Eles? Lá os achamos, lá os deixamos, ao sol, de cabeça descoberta, a trabalhar com a enxada. Se o sol nos fazia mal, que não faria àqueles pobres diabos, durante todas as horas quentes do dia?


1º Novembro de 1877.






Crônicas Escolhidas- Folha de São Paulo- Este livro de crônicas foi para quem renovou a assinatura da Folha de São Paulo- Editor Fernando Paixão- ano 1994 Ed Ática- Sejamos vizinhos de Machado- Fernando Paixão:"O leitor tem em mãos uma seleção de crônicas de Machado de Assis. Isso quer dizer que deve procurar uma poltrona confortável, num lugar fresco, arejado e sobretudo tranquilo[........].
[......] Cada crônica de Machado sucede como uma boa conversa. Aliás, é o próprio autor quem, no primeiro texto desta seleção, define a origem do gênero como um encontro de vizinhas a escarafunchar as ocorrência do dia. E quem não gosta de um bate-papo? É até reconhecido como um jeito brasileiro de discutir política ou  futebol, conhecer melhor pessoas e amigos, e até ciscar questões filosóficas, sem ferir a normalidade dos fatos, tão necessária ao funcionamento da sociedade.
Mas, esses textos não seriam Machado, se a ironia não fosse a sua pedra de toque".

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Whatever Works - Tudo Pode Dar Certo - Woody Allen- Filme


  Direção e Roteiro: Woody Allen- Data de Estréia nos EUA 19 jun 2009/ Data de estréia no Brasil 2010






 Boris Yelinikoff, um mal humorado físico, quase indicado ao Prêmio Nobel, suicida fracassado, não odeia a vida, apenas acredita que somos uma espécie em extinção burra demais para ser feliz. 
     Uma ingenua jovem entra em sua vida e coloca em cheque suas crenças. A solução é se agarrar a toda e qualquer felicidade que se pode dar e receber porque, no fim, tudo pode dar certo.
     Palavras da crítica: " De novo não, escutamos você gemer. Outro filme de Woody Allen que faz propaganda de velhos ranzinzas atraindo jovens e lindas mulheres. Esse não é o cenário de uma comédia;é um delito penal, certo? Mas em Tudo Pode Dar Certo, Allen pegou seus costumeiros ingredientes e de algum modo fez seu filme mais fresco em eras. Depois de quatro filmes no exterior, dois dos quais(Match Point - Ponto Final e Vicky Cristina Barcelona) foram bastante bons, o roteirista-diretor de 73 anos encontrou novo vigor e calor em sua velha vizinhança. Sem brincadeira esse é o filme para se sentir bem do ano e uma mensagem cinematográfica da alma.[.....] É comum para críticos de seu recente trabalho citar um triunfo antigo como Bananas ou Noivo neurótico, noiva nervosa e descobrir a falta de novos triunfos. Tudo pode dar certo é diferente tem aquela efervescência do jovem Woody misturada a um maduro romantismo cômico; o filme foi envelhecido em sagacidade. Se Allen tem uma década ou duas de filmes ainda por fazer e fizer um excelente daqui a anos, as pessoas dirão, "É espetacular, mas não é Tudo Pode Dar Certo".- Richard Corliss, Time Magazine, 29 de junho de 2009.
     " Há algo ao mesmo tempo majestoso e triste na duradoura convicção de Allen de que qualquer um de fora da área dos três estados é um cabeça de vento ou um matuto crônico, e que uma dose de Manhattan é a última e melhor chance de uma cura. Sua visão da cidade sempre foi feita de sonhos, mas agora parece tão distante quanto o chão polido e os móveis estilo decô dos filmes de Fred Astaire que Boris vê, é claro, sempre que liga a tv".- Anthony Lane, The New Yorker, 22 de junho de 2009.
     Palavras de Allen: 2009-" Esse não é um papel que eu poderia ter feito mesmo que fosse mais jovem. Larry é capaz de fazer esse tipo de humor sarcástico, cáustico, e se sair bem com isso, porque obviamente há algo nele que o público gosta. Você sabe, Groucho Marx tinha isso. Eles nunca se sentiam ofendidos por Groucho, eles ficavam ofendidos se ele não os insultasse, ele me disse uma vez."
     



Livro: A Elegância de Woody Allen- Centro Cultural Banco do Brasil