domingo, 11 de julho de 2010

Além do Mundo dos Opostos- Fritjof Capra- O Tao da Física

A idéia fundamental do Budismo consiste em ultrapassar o mundo dos opostos, um mundo construído pelas distinções intelectuais e pelas corrupções emocionais, em compreender o mundo espiritual da não-distinção, que implica a obtenção de um ponto de vista absoluto.
Todo o misticismo oriental gira em torno desse ponto de vista absoluto que é alcançado no mundo do acintya, ou do " nao pensamento", onde a unidade de todos os opostos torna-se uma experiência vívida. Nas palavras de um poema Zen,
                 Ao entardecer o galo anuncia a madrugada,
                 À meia noite o sol brilhante
A noção de que todos os opostos são polares - que a luz e a escuridão , o vencer e o perder, o bem e o mal, não passam de aspectos diferentes do mesmo fenômeno - constitui um dos princípios básicos do modo de vida oriental. Uma vez que todos os opostos são interdependentes, seu conflito jamais pode resultar na vitória integral de um dos lados, em vez disso, será sempre uma manifestação da interação entre os dois lados. No Oriente uma pessoa virtuosa não é aquela que busca concretizar a tarefa impossível de lutar pelo bem e eliminar  o mal, mas sim, aquela que se mostra capaz de manter um equilíbrio dinâmico  entre o bem e o mal.    
  Shiva na forma andrógina, metade macho, metade fêmea- simbolizando a      unidade dos opostos.
              A sociedade ocidental favoreceu tradicionalmente o lado masculino de preferência ao feminino. Em vez de reconhecer que a personalidade de cada homem e de cada mulher é o resultado de uma interação entre elementos masculinos e femininos , estabeleceu uma ordem estática em que se pressupõe que todos os homens são masculinos e todas as mulheres femininas e conferiu aos homens os papéis principais e a maioria dos privilégios sociais.Essa atitude deu origem a uma ênfase exagerada nos aspectos yang- ou masculino - da natureza humana, isto é, atividade, pensamento racional, competição, agressividade, etc.Os modos de consciência yin, ou femininos, geralmente descritos através e palavras como intuitivo, religioso, místico, oculto ou psíquico foram constantemente suprimidos, em nossa sociedade orientada por valores masculinos.Um ser humano plenamente realizado  é aquele que nas palavras de Lao Tsé , conhece o masculino e contudo conserva o feminino.    Óleo sobre tela - Gabriela de Borja

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ALGOZES

Algozes                              
 
 Almeri Espindola de Souza   

Aquele é o local onde as mulheres são mortas depois que confessam suas traições. É um espaço com areia branca, cercado de vegetação densa, próximo da margem do rio São Francisco. Dizem que é um lugar assombrado, e que à noite se ouvem gemidos e guinchos de animais. Há quem conte que são vistas pessoas andando sem cabeças, mulheres se atirando no rio com criancinhas no colo. Caem raios com muita freqüência neste lugar, razão pela qual não nasce vegetação no pedaço de areia. O lugar permanece escuro, mesmo quando a noite está iluminada pela lua cheia. Não há estrada que a ligue com o resto da terra. Parece que as pessoas chegam e saem sem deixar rastros. Só se encontram os cadáveres das mulheres mortas, com a cabeça separada do corpo. Ninguém vê nada nem vê ninguém. Apenas os corpos são encontrados. O governo contratou índios da região para fazerem plantão no local e protegerem as mulheres de seus algozes, mas num passe mágico, os índios nunca mais foram vistos e as mulheres continuaram a serem mortas, agora com requintes de crueldades ainda maiores. As duas últimas encontradas por pescadores da região, estavam ainda vivas boiando no rio sem pernas nem braços. Morreram de hemorragia. Marília aceitou o convite de um a colegas de trabalho, para fazerem uma excursão ao nordeste do país. A cidade que visitariam era o ponto de maior produção de ervas medicinais, foi o que justificou, ao ser indagada pela irmã, que estava de visita em sua casa, sobre a escolha. Marta gostou de idéia de visitar aquela região, já que mora fora do Brasil há muito tempo. Arrumaram as malas com simplicidade. Repelente de insetos, um par de chinelos, um chapéu, blusas finas de mangas longas, calças compridas para protegerem-se dos perigos da região. A organização da excursão reiterou que lá havia muitos insetos e animais selvagens e que o sol era torrente, por isso precisavam de precaução. Despediram-se, numa sexta-feira pela manhã. O avião as deixaria numa cidadezinha próxima, e para o local pretendido por Marília, precisariam arranjar alguma carona, já que não havia meios de transporte coletivo. E a excursão tinha outro roteiro. Sua colega de trabalho resolveu que ficaria na cidade num hotel próximo do aeroporto, pois estava com indisposição intestinal e não quis arriscar-se na aventura. O restante do grupo saiu para os passeios de barco no rio São Francisco. Saíram a pé, quando o sol ainda estava alto. Não levaram bolsa, documentos, nada além do que vestiam. Apenas um cantil com água de beber. Marta nem água quis levar. Marília retornou na manhã do dia seguinte e, ao encontrar a amiga hospitalizada com doença intestinal séria, se ocupou de cuidar do tratamento da mesma e, com isso despistou o restante dos viajantes da excursão. Passaram-se seis meses. O zelador do prédio onde Marilia mora deu-se conta de que a moça que estava no jornal cuja vida ficara na “Asa da Mosca”, era a visitante que se hospedara no apartamento 11 e que ele logo percebeu tratar-se de uma irmã de Marília, tal semelhança que havia entre as duas. Viu que elas haviam saído juntas naquele mês de março e somente Marília voltara para casa. Ele lembrou, então, das tantas conversas que manteve com a vizinha do ap 11, das suas queixas de que Marta havia lhe roubado. Ela falava com rancor sobre a vida que a irmã levava. Os olhos de Marília faiscavam de raiva ao comentar que a irmã escapou da falência da família quando casou na Europa e, não satisfeita, lhe roubara tudo o que, por amor, tio Doca lhe deixara, usando documentação falsa, e a astúcia que a experiência no primeiro mundo lhe permitiu. Seu Zeca, como era carinhosamente chamado no edifício, comentou então com sua esposa, que conversavam sempre mas ela nunca falou com ele sobre aquela moça nem sobre a viagem.
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Él Avión de Moratinos- GeneraciónY- Cuba

Posted: 07 Jul 2010 11:37 AM PDT
moratinos-y-castro
Imagen tomada de cubamatinal.es
Mucho se especula en estos días sobre las posibles excarcelaciones de presos políticos. La prensa oficial –como siempre- adormilada entre cifras de crecimiento y viejos discursos sacados de los archivos, no confirma ni desmiente esos rumores. Una meticulosa lectura de Granma arroja que el canciller español ha venido para condenar el bloqueo, hablar del cambio climático e intentar quitar la posición común de la Unión Europea hacia el gobierno de Cuba. Si nos dejáramos llevar por lo que dicen los locutores de voz engolada y corbatas a rallas, aquí no está pasando nada… o casi nada. Pero todos sabemos que algo se mueve en la oscura zona de la diplomacia, en ese terreno de la alta política que se teje de espaldas al pueblo.
Los murmullos vienen y van. En ellos, a la palabra “liberación” se le ha ido pegando un término de connotaciones infames: “deportación”. “Saldrán directo de las prisiones hacia los aviones” me dijo un señor que se la pasa con la oreja pegada al radio, escuchando la emisora prohibida que llega desde el Norte. La expatriación forzosa, la expulsión, el exilio, han sido prácticas habituales para deshacerse de los inconformes. “Si no te gusta te vas”, te repiten desde chiquito; “arranca y lárgate”, vuelven a espetarte si insistes en quejarte; “¿para qué volviste?”, recibes como saludo si osas regresar y seguir señalando lo que no te gusta. Habilidad en librarse de los incómodos, pericia para empujar fuera de la plataforma insular a quienes se le oponen, en eso sí que son diestros nuestros gobernantes.
Tendría que ser muy grande el avión de Moratinos para poder llevarse en él a todos los que  les estorban a los autoritarios del patio. Ni un Jumbo alcanzaría para trasladar a aquellos que potencialmente tienen el riesgo de ir a prisión por sus ideas y por su accionar cívico. Una verdadera línea área con vuelos semanales se necesitaría para sacar a quienes no están de acuerdo con la gestión de Raúl Castro. Pero resulta que muchos no queremos irnos. Porque la decisión de vivir aquí o allá es algo tan personal como seleccionar pareja o ponerle nombre a un hijo, no se puede permitir que tantos cubanos se encuentren entre la pared de la prisión y la espada del destierro. Es inmoral forzar a la emigración a quienes sean liberados –posiblemente- en los próximos días.
Una simple y lógica pregunta salta cuando pensamos  en este tema: ¿No sería mejor que se los llevarán en ese avión a “ellos”?