quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AVATAR

O Hinduismo é inerentemente pluralista, dentro de si, a sua falta de identidade com arestas duras mantém viva a nova interpretação e regeneração. O Hinduismo não tem uma igreja, um pontífice ou uma autoridade central. Seu conhecimento é classificado em: "Shruti" (conhecimento revelado), "Mat" (opinião ou teoria), "Sidddhanta" (teoria comprovada), "Shastras" (sistemas de pensamento ou pontos de vista estabelecidos), "Smriti" (construções sociológicas).
Um hindu é livre para escolher e adaptar estas idéias e práticas.
A teologia Hinduista se fundamenta no culto aos avatares( manifestações corporais) da divindade suprema, Brâman. Particular destaque é dado à Trimuti - Uma Trindade constituída por  Brama (Brahma), Xiva (Shivae, Vixnu (Vishnu). Tradicionalmente o culto direto aos membros da Trimut, é relativamente raro, em vez disso costuma-se cultuar avatares, mais específicos e mais proximos da realidade cultural e psicológica dos habitantes, como por exemplo Krishna, avatar de Vixnu e personagem central do Bagavadguitá.
Também conhecido pela grafia Bhagavad Gita, "Canção de Deus". O texto escrito em sanscrito, relata o diálogo de Críxena (uma das encarnações  de Vixnu) com Arjuna (seu discípulo guerreiro), em pleno campo de batalha Arjuna representa o papel de uma Alma confusa sobre o seu dever e recebe iluminação diretamente do Senhor Krishna, que o instrui na ciência da autorealização. No desenrolar da conversa são colocados pontos importantes da filosofia indiana, que incluía já na época elementos do Bramanismo e do Sankhya.
A filosofia perene do Bagavadguitá tem intrigado a mente de quase todos os grandes pensadores da humanidade, tendo influenciado de maneira decisiva inúmeros movimentos espiritualistas e também um paralelo entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental. Em síntese a base da instrução espiritual do Krishna, como de resto, de todo o Hinduísmo, consiste na ideia de que as coisas e eventos que nos cercam, nada mais são em sua grande variedade, que manifestações diversas de uma mesma realidade última. Essa realidade Brahman, é o conceito unificador que confere ao Hinduismo seu caráter essencialmente monístico, não obstante a adoração de numerosos deuses e deusas. Brahman é a "alma" ou essencia interna de todas as coisas. Ela é infinita e está além de todos os conceitos. Ela não pode ser apreendida pelo intelecto, nem adequadamente descrita em palavras. Sem princípio supremo: além do que é e além do que não é.


Fontes: "BUDACHANEL";" COMUNIDADE ESPÍRITA"; HICADUS OF HINDU THEOLOGY; O TAO DA FÍSICA; O PONTO DE MUTAÇÃO- Capra, Fritjof

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Coisas & Pessoas - Mario Quintana

Desde pequeno, tive tendencia para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: "Vem pra dentro menino, olha o mormaço". Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo.Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento do quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incomodos e duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado e olhei atonito para um tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
        - Pois é! Não ve que eu sou o sereno....
E eis que por um milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei que se tratasse do silencio noturno em pessoa. Coisas do sono? Além disso, o vulto , aquele penumbroso e todo em linhas descendentes, ajudava a ilusão. Mas por que desculpar-me? Quase imediatamente compreendi que o "sereno" era um vigia noturno, uma espécie de anjo da guarda crioulo e municipal.
Por que desculpar-me, se os poetas criaram os deuses e semideuses para personificar as coisas, visíveis e invisíveis...... E o sereno da Fronteira deve andar mesmo de chapéu desabado, bigode, pala e de pé no chão...sim, ele estava mesmo de pés descalços, decerto para não nos perturbar o sono mais ou menos inocente.


Cronica do Livro as Cem Melhores Cronicas Brasileiras - Os anos 1970- Longe daqui, aqui mesmo-