quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SE - Rudyard Kipling

                                                                                                                                                                   

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando
e para esses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, porque deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade;

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho;
Tua é a Terra com tudo que existe no mundo,
e o que ainda é muito mais - tu és um Homem, meu filho!


Rudyard Kipling - Prêmio Nobel de Literatura de 1907- Contista, romancista, poeta, jornalista. Nasceu em Bombaim em 1865.


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